A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

01/10/2008

EU E TU





Martin Buber (Viena, 08/02/1878 - Jerusalém, 13/06/1965) era filósofo, escritor e pedagogo, judeu de origem austríaca, e de inspiração sionista. Tinha educação poliglota: em casa aprendeu ídiche e alemão, na escola hebraíco, francês e polonês. Sua formação universitária se deu em Viena. Em suas publicações filosóficas, deu ênfase a sua opinião de que não há existência sem comunicação e diálogo e que objetos não existem sem a interação. As palavras-princípio, Eu-Tu(relação), Eu-Isso(experiência), demonstram as duas dimensões da filosofia do diálogo que, segundo Buber, abarcam a existência





Presença não é algo fugaz e passageiro, mas o que aguarda e permanece diante de nós. O essencial é vivido na presença. O amor é uma força cósmica.Aquele que habita e contempla no amor, os homens se desligam do seu emaranhado confuso próprio das coisas, bons e maus, sábios e tolos, belos e feios, uns após outros, tornam-se para ele atuais, tornam-se Tu, isto é, seres desprendidos, livres, únicos, ele os encontra cada um face-a-face. A exclusividade ressurge sempre de um modo maravilhoso; e então ele pode agir, ajudar, curar, educar, elevar, salvar.

Amor é responsabilidade de um Eu para com um Tu, nisto consiste a igualdade daqueles que amam, igualdade que não pode consistir em um sentimento qualquer, igualdade que vai do menor ao maior, do mais feliz e seguro, daquele cuja vida está encerrada na vida de um ser amado, até aquele crucificado durante sua vida na cruz do mundo, por ter podido e ousado algo inacreditável: amar os homens.Acredita na simples magia da vida, no serviço no universo, e lhe será esclarecido o que significa cada espera, cada olhar da criatura.Qualquer palavra seria falsa, mas veja: os entes vivem em torno de você, mas ao se aproximar de qualquer um deles, você atinge sempre o Ser.É na contemplação de um face-a-face que a forma se revela ao artista. Ele a fixa numa imagem. A imagem não habita em um mundo de deuses, mas neste vasto mundo dos homens.

Sem dúvida ela esta “aí” e ainda que nenhum olhar humano a procure, mas ela dorme.O homem recebe o que ele recebe, não é um “conteúdo”, mas uma presença, uma presença que é força.Na experiência da vocação. Deus é para ti a presença. Aquele que em missão percorre o caminho tem Deus diante de si, quanto mais fiel o cumprimento da missão, mais intensa e constante a proximidade.O homem encontra o Ser e o devir como aquilo que o confronta, mas sempre como uma presença, e cada coisa, ele a encontra somente enquanto presença; aquilo que esta presente se descobre a ele no acontecimento e o que acontece, se apresenta a ele como Ser. Depende de ti que parte incomensurável se tornará atualidade para ti.
Sobre o encontro eu e tu.


Os encontros não se ordenam de modo a formar um mundo, mas cada um dos encontros é para ti um símbolo indicador da ordem do mundo. Os encontros não são inter-relacionados entre si, mas cada um te garante o vínculo com o mundo. O mundo que assim te aparece não inspira confiança pois ele se revela cada vez de um modo, e por isso, não podes lembrar-te dele. Ele não é denso, pois nele tudo penetra tudo; ele não tem duração, pois vem sem ser chamado e desaparece quando se tenta retê-lo. Ele é confuso, se tu quiseres esclarecê-lo, ele escapa. Ele vem a ti para buscar-te; porém se ele não te alcança, se ele não te encontra, se dissipa, ele virá novamente, sem dúvida, mas transformado. Ele não está fora de ti. Ele repousa no âmago de teu ser, de tal modo que, se ti referes a ele como “alma de minha alma” não dizes nada de excessivo. Guarda-te no entanto, da tentativa de transferí-lo para a tua alma, Tu o aniquilarás. Ele é teu presente, e somente na medida em que tiveres como tal é que terás a presença; podes fazer dele teu objeto, experienciá-lo e utilizá-lo, aliás, deves proceder assim continuamente, mas então, não terás a presença; entre ele e ti existe a reciprocidade da doação, tu lhe dizes Tú, e te entregas a ele; ele te diz Tú e se entrega a ti. Não podes entender-te com ninguém a respeito dele, és solitário no face-a-face com ele, mas ele te ensina a encontrar o outro e a manter o seu encontro. E através da benevolência de sua chegada e da melancolia de sua partida, ele te conduz até o Tu no qual se encontram as linhas, apesar de paralelas, de todas as relações. Ele não te ajuda a conservar-te em vida, ele dá, porém, o presentimento da eternidade.

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