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Martinho Lutero

22/07/2011

A Judaização de Igrejas Evangélicas no Brasil – Uma Violência Cultural

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por Ednilson Correia de Abreu
Pastor da Primeira Igreja Batista em João Neiva -ES
 
 
 
 
Temos observado que várias igrejas hoje no Brasil (e muitas batistas que fazem parte da Convenção Batista Brasileira) estão vivendo cada vez mais de corpo inteiro a busca de uma judaização dos costumes e da doutrina da igreja. (muito influenciado pelo M-12 e G-12 e afins).

Olhando para as escrituras que é onde devemos de fato buscar o discernimento para tudo isso vamos encontrar um fato extraordinário ligado ao dia de pentecostes que joga por terra qualquer justificativa dessa judaização da igreja hoje ou em qualquer tempo.

No dia da vinda do Espírito conforme Atos 2.1-13 está registrado o fato de que haviam representantes dos povos partos, medos, elamitas, gente da Mesopotâmia, da Judéia, Capadócia, Ponto, Ásia, Frígia, Panfília, Egito, Líbia, romanos, cretenses, árabes e que todos estes ouviram os crentes judeus falarem as maravilhas de Deus não em hebraico, mas em suas próprias línguas. Isso é singular e vital nessa questão do debate sobre a judaização da igreja.

Se fosse propósito de Deus que toda a igreja cristã estivesse pautada em uma judaização, ou seja se a igreja fosse uma espécie de judaísmo restaurado ou coisa que o valha, o acontecimento de pentecostes seria outro. Os estrangeiros que testemunharam aquelas manifestações de idiomas seriam capacitados a falar e ouvir em hebraico (ou aramaico até), sendo esta a língua dos judeus, pois a língua é um fator determinante da identificação cultural de um povo,a língua diz quem um povo é, da língua partem toda uma estrutura, uma cosmovisão e uma realidade de vida e vice versa. Isso é tão importante e impactante que mesmo os judeus dos tempos modernos fizeram do aprendizado do hebraico uma condição “sine qua non” na reconstrução do estado moderno de Israel. Sem uma língua não existe um povo.

Focando apenas nesse ponto, todos aqueles que advogam esta judaização (prática ou teórica) da igreja hoje (que muitas vezes chega ao ridículo através de uma mistura de judaísmo moderno, textos do antigo testamento mau usados, etc) com o uso de nomes hebraicos, utensílios judeus, mantos, bandeira de Israel, gestuais, uso de arca da aliança cerimônias e etc. (que nem os judeus de fato usam),

Os que fazem isso estão se esquecendo que no pentecostes a igreja já se universalizava, e que o Espírito Santo levou a igreja que nascera em berço judaico a se tonar gentílica e portanto mundial. A cultura judaica nunca foi referendada como a cultura prevalecente sobre as outras culturas onde o evangelho haveria de chegar, se assim fosse teríamos todos de falar hebraico e viver como judeus mesmo.

O evangelho como dizem os missiólogos é traduzível a qualquer cultura, não é como o islamismo que vê no árabe uma língua sagrada. O evangelho pode ser vivido e encarnado em cada cultura, expurgando aquilo que não é saudável ou que seja pecaminoso dentro de cada expressão cultural.

Não é tornando-se como judeus que iremos encarnar a fé cristã, pois mesmo um judeu que se converte hoje, passa a encarnar o seu judaísmo dentro de uma perspectiva cristã neo-testamentária. Ele se torna um judeu cristão e não um cristão judeu, assim como um brasileiro deve se tornar um brasileiro cristão, assim deve ser com cada povo da terra que irá expressar a fé cristã em sua própria cultura, buscando ser livre das marcas do pecado presentes em todas as culturas da terra.

Quero concluir citando o historiador e teólogo Justo Luiz González, em quem me inspirei para produzir este texto.
“A cultura dos discípulos (que eram judeus) é uma das muitas culturas nas quais o evangelho irá se encarnar...O que o Espírito faz em pentecostes não é capacitar todos os presentes a entender a língua dos discípulos, mas exatamente o contrário: o Espírito faz todos escutarem, cada qual em sua própria língua. ..toda língua e toda cultura podem ser veiculo para o evangelho, e nenhuma língua e nenhuma cultura devem ter domínio sobre ele.” (Cultura e Evangelho. p.86,89,90, Ed.Hagnos)

Que possamos buscar ser e viver uma igreja cristã que reconhece sim suas heranças judaicas, mas que caminha firmada na palavra daquele que diz : “Eis que faço novas todas as coisas”.

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