A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

12/01/2012

A abordagem de um dos Pais da Igreja, Agostinho de Hipona, sobre o Livre Arbítrio

 
 
 
 
 
Institucíon de La Religión Cristiana, Juan Calvino, II, II,8 - traduzida e adaptada por Carlos Reghine.

 
 
 
2.Cor 3.17, Jo 15.5



E se abordarmos a autoridade dos Pais da Igreja, embora por diversas vezes usem a expressão livre arbítrio, contudo, temos Agostinho que não hesita em chamar-se servo. É verdade que em certas passagens se volta contra os que negam o livre arbítrio, mas a razão é para que ninguém se atreva negar o arbítrio da vontade de maneira que pretenda escusar o pecado.



Mas ele mesmo admite em outro lugar que a vontade do homem não é livre, sem o Espírito de Deus, pois está submetida à concupiscência que está cativa e acorrentada, e que depois a vontade foi vencida pelo pecado em que ela atirou-se, a nossa natureza perdeu sua liberdade. A vontade humana fazendo mal uso do livre arbítrio, perdeu-a, e o livre arbítrio se fez cativo, e não pode fazer nada bom, e que não é livre o que a graça de Deus não libertar



E a justiça de Deus não se cumpre quando a lei prescreve e o homem esforça-se por seus méritos próprios, mas quando a Espírito auxilia o homem, não livre por si mesmo, mas libertado por Deus, obedece.



A causa de tudo isso, expõe em outro lugar, em duas palavras, que o homem em sua criação recebeu a grande força de seu livre arbítrio, porém perdeu quando pecou.



E, em outro lugar, depois de ter demonstrado que o livre arbítrio é confirmado pela graça de Deus, repreendeu duramente aqueles que a atribuíram independente da graça.



Por que?, diz ele, por que aqueles miseráveis se atrevem a ensoberbecesse do livre arbítrio antes de serem libertados, ou se já foram, creditam a suas próprias forças? Não se dão conta que esta expressão “livre arbítrio”, significa “a liberdade” Pois bem, onde há o Espírito do Senhor, aí há liberdade.



Se, pois, são servos do pecado, por que se orgulham de seu livre arbítrio?



Porque éramos escravos de quem foi vencido, mas libertados, porque gloriar-se de ter sido por conta própria? É que eles são tão livres, que não querem ser servos daquele que diz: Sem mim não podeis fazer nada!



Que mais relatar? Se o mesmo Agostinho em outro lugar parece que zomba desta expressão dizendo: “O livre arbítrio é sem dúvida alguma livre, mas não liberado, livre de justiça, mas servo do pecado”. O mesmo repete em outro lugar e explica: “ O homem não está livre da justiça, senão pelo arbítrio de sua vontade, mas do pecado é liberado, pela graça do Redentor”.




Aquele que testifica que a liberdade não é outra coisa senão que consiste em uma liberação da justiça, o qual não quer servir, não está simplesmente zombando do título que ele deu ao chamá-lo de livre arbítrio?



Portanto se alguém quer usar esta expressão, que a entenda corretamente, eu não me oponho a ela, mas como parece, não pode ser usando sem riscos, e, seria um grande bem para a Igreja que a expressão fosse esquecida, eu prefiro não usá-la, e se alguém me pedir conselho sobre o assunto, pediria que se abstivesse desta expressão.

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