A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

15/01/2012

O que John Piper Representou no Brasil




Por Augustus Nicodemus Lopes




Tive o privilégio de estar com John Piper na Conferência da Fiel em Águas de Lindóia e depois no Mackenzie, onde ele falou na sexta à noite e no sábado pela manhã. Algumas coisas me impressionaram, como o recorde absoluto de audiência, tanto da Conferência Fiel, quanto dos eventos que costumeiramente são feitos no Mackenzie.

Aqui destaco o papel crescente da internet e das mídias sociais (Facebook, Twitter, YouTube e outros). Houve muito mais gente assistindo as conferências ao vivo pela internet do que nos auditórios do Hotel Majestic e do Mackenzie. Durante as palestras, e depois delas, havia intensa troca de comentários e impressões nas mídias sociais por parte dos que estavam nos auditórios ou assistindo pela internet, o que leva à formação de uma comunidade cada vez maior reunida em torno, não do Piper, mas do que ele representa.





E este é o gancho para minha segunda observação. Os fatos acima descritos simplesmente confirmam o que vem sendo dito, inclusive por mídias não-cristãs, de que o Calvinismo passa por uma ressurgência, um avivamento, por assim dizer, que tem atingido especialmente os Estados Unidos e o Sul-Global -- nome que tem sido dado à cristandade abaixo do equador, no hemisfério sul, especialmente África, China e Brasil.

 Mas, não se trata daquela caricatura de calvinismo explorada pelos contrários - gente sisuda, fechada nas quatro paredes de seus templos, cantando salmos ao som de órgãos de tubo, de paletó e gravata e pregando a predestinação para o inferno.


 Este calvinismo que ressurge, e que tem sido chamado de vários nomes, fala da alegria em Deus, quer estar presente e influenciar a cultura moderna, utiliza o que ela tem de melhor a oferecer para a glória de Deus - a julgar pelo alto emprego de tecnologia que marca os eventos - sem, em momento algum, abandonar os pontos característicos da Reforma: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo Gloria. Além, é claro, dos famosos cinco pontos do Calvinismo: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada (ou eficaz), graça irresistível e perseverança final dos santos.



O interesse pela fé reformada tem crescido tanto a ponto de romper as barreiras denominacionais, trazendo para o mesmo ambiente de estudo, adoração e louvor batistas, presbiterianos, independentes, comunidades, pentecostais, anglicanos e outros que partilham do mesmo entusiasmo pelas antigas doutrinas da graça. Isto ficou muito claro em Águas de Lindóia e no Mackenzie.



A terceira observação é que a maioria dos que estavam presentes na Fiel e no Mackenzie é composta de jovens. Acredito que a mesma coisa se poderia dizer dos que seguiram tudo pela internet. Para mim, este é um indicador extraordinário de que Deus está de fato tendo misericórdia de nós e nos dando uma sobrevida de pelo menos mais uma geração, enquanto que em outros lugares, onde um dia a fé reformada floresceu, apenas anciãos ocupam poucos lugares em enormes catedrais vazias.



Meu último comentário é que Piper pregou o tempo todo, na Fiel e no Mackenzie, num dos pontos principais do Calvinismo, sem levantar as sobrancelhas dos que detestam os calvinistas. Refiro-me à principal ênfase de Calvino, em suas Institutas e seus comentários, que é a glória de Deus como supremo bem do homem, ponto este capturado no slogan da Reforma, Soli Deo Gloria. Ao fazer isto, Piper mostrou que o calvinismo nada mais é que uma tentativa de honrar e pregar a mensagem central da Palavra de Deus, como Calvino tão apropriadamente nos mostrou. Não me lembro de ter ouvido Piper citar Calvino ou os puritanos, mas ele estava pregando calvinismo puro o tempo todo.



A Deus, portanto, toda glória.

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