A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço!

Martinho Lutero

21/06/2014



Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes


Em sua polêmica contra os escribas e fariseus, Jesus de certa feita se referiu a seus apóstolos como aqueles que, à semelhança dos profetas, sábios e escribas enviados por Deus ao antigo Israel, seriam igualmente enviados, rejeitados, perseguidos e mortos (Lc 11.49 com Mt 23.34). Desta forma, ele estabelece o paralelo entre os apóstolos e os profetas como enviados de Deus ao seu povo.

Tem sido observado que os sucessores dos profetas do Antigo Testamento, como Isaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel e Amós, por exemplo, não foram os profetas do Novo Testamento, que tinham ministério nas igrejas locais, mas os apóstolos de Jesus Cristo, mais especificamente os doze e Paulo.[1]

Conforme já vimos acima, os profetas foram diretamente vocacionados e chamados por Deus (cf. Is 6.1-9; Jr 1.4-10; Ez 2.1-7; Am 7.14-15). A palavra mais usada para “profeta” no Antigo Testamento  (nabi), que transmite o conceito de alguém que fala por outro, como “sua boca” (Ex 4.16; 7.1; cf. ainda Dt 18.14-22). O profeta era, então, primariamente, alguém que falava da parte de Deus, inspirado e orientado por ele. Os profetas falaram ousadamente da parte dele sua mensagem ao povo de Israel (Lc 1.70; Hb 1.1-2). Parte destas profecias veio a ser escrita e registrada no Antigo Testamento, que é chamado por Paulo de “escrituras proféticas” (Rm 16.26, cf. ainda 2Pe 1.21; 2Tm 3.16).[2] Notemos que a mensagem dos profetas não consistia apenas da predição de eventos futuros relacionados com a ação de Deus na história, os quais se cumpriram infalivelmente (Dt 18.20-22; cf. 1Rs 13.3,5; 2Rs 23.15-16). A mensagem deles consistia, em grande parte, na exposição desses eventos e sua aplicação aos seus dias. Os profetas introduziam suas palavras com as fórmulas “assim diz o Senhor” e “veio a mim a Palavra do Senhor dizendo,” o que identificava sua mensagem como inspirada e infalível. Como tal, deveria ser recebida pelo povo de Deus como a própria palavra do Senhor.

A literatura intertestamentária produzida pelos judeus nos séculos depois de Malaquias considerava que o ministério desses profetas encerrou-se com Malaquias.[3] Da mesma forma, os escritores do Novo Testamento se referem aos profetas antigos como um grupo fechado e definido (cf. Mt 23.29-31; Mc 8.28; etc.). A pergunta é: através de quem Deus continuou a se revelar? Quem foram os sucessores dos profetas do Antigo Testamento como receptores e transmissores da Palavra de Deus? Resta pouca dúvida de que foram os doze apóstolos e o apóstolo Paulo, e não os profetas cristãos das igrejas locais, como aqueles que haviam em Jerusalém, Antioquia e Corinto, por exemplo (At 11.27; 13.1; 1Co 14.29). Ao contrário do que ocorria no Antigo Testamento, profetizar, na igreja cristã nascente, era um dom que todos os cristãos poderiam exercer no culto, desde que seguindo uma determinada ordem (1Co 12.10; 14.29-32). E, diferentemente dos grandes profetas de Israel, as palavras dos profetas cristãos tinham de ser julgadas pelos demais (1Co 14.29) e eles estavam debaixo da autoridade apostólica (1Co 14.37).

Em contraste com os profetas cristãos, os apóstolos  do Novo Testamento, isto é, os doze e Paulo, receberam uma chamada específica de Jesus Cristo, receberam revelações diretas da parte de Deus, como os antigos profetas (At 5.19-20; 10.9-16; 23.11; 27.23; 2Co 12.1), e assim predisseram futuros eventos relacionados com a história da salvação, entre os quais a segunda vinda do Senhor, a ressurreição dos mortos e o juízo final – isso não quer dizer que sua chamada se deu porque tinham o “dom” de apóstolo. (1Co 15.51-52; 2Ts 2.1-12; 2Pe 3.10-13).[4] Lembremos que o livro de Apocalipse é uma profecia (ver Ap 1.3; 22.18-19) escrita por um apóstolo.[5] Ao contrário dos profetas cristãos das igrejas locais, que não deixaram nada escrito, os apóstolos foram inspirados para escrever o Novo Testamento (1Ts 2.13; 2Pe 3.16) e a palavra deles deveria ser recebida, à semelhança dos profetas antigos, como Palavra de Deus, sem questionamentos, ao contrários dos profetas das igrejas locais (Gl 1.8-9; 1Co 14.37). Os autores neotestamentários que não foram apóstolos, como Marcos, Lucas, Tiago e Judas eram, todavia, parte do círculo apostólico e associados aos apóstolos, escrevendo a partir do testemunho deles.[6]

Como sucessores dos profetas de Israel e canais da revelação, os apóstolos aparecem juntos com eles na base da igreja. Nas palavras de Jesus, “Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos, e a alguns deles matarão e a outros perseguirão” (Lc 11.49). Paulo junta os dois grupos duas vezes na carta aos Efésios como aqueles designados por Deus para lançar as bases da igreja; “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2.20); “o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito” (Ef 3.5). Muitos estudiosos entendem que os “profetas” mencionados nestas duas passagens de Efésios são profetas das igrejas neotestamentárias, que vieram depois dos apóstolos. Todavia, mesmo estando numa sequência temporal invertida, “profetas” se entende melhor como os grandes profetas de Israel, que vieram antes dos apóstolos. A sequência “apóstolos e profetas” não precisa ser entendida como uma sequência temporal. Os apóstolos são mencionados primeiro por estarem no foco do contexto.[7]

Em sua segunda carta, Pedro admoesta seus leitores a se recordarem tanto das palavras que foram ditas pelos “santos profetas” como do mandamento ensinado por “vossos apóstolos” (2Pe 3.2). Alguns entendem que “vossos apóstolos” aqui é uma referência aos missionários pioneiros que haviam fundado as igrejas às quais Pedro escreve. Contudo, a carta de Pedro não foi destinada a igrejas locais específicas e sim aos cristãos em geral (cf. 2Pe 1.1). O único grupo de “apóstolos” que se encaixaria como “vossos apóstolos” seriam os doze, que eram apóstolos para todas as igrejas.[8] A carta de Judas, cuja similaridade com a segunda carta de Pedro tem levado estudiosos a acreditarem numa dependência literária entre elas,[9] ao se referir aos apóstolos neste mesmo contexto, designa-os como “os apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo,” numa clara referência ao grupo dos doze (Jd 17).[10] Estas passagens refletem a consciência de que os apóstolos de Jesus Cristo foram os continuadores dos profetas do Antigo Testamento como canais pelos quais Deus revelou sua vontade.[11]

Uma vez que a revelação de Deus quanto ao plano da salvação foi totalmente escrita e registrada de maneira final, completa e infalível pelos apóstolos, no Novo Testamento, completando assim a revelação dada através dos profetas de Israel no Antigo Testamento, encerrou-se o ministério de ambos os grupos.

Já que os apóstolos foram os sucessores dos profetas do Antigo Testamento, não há, pois, hoje, possibilidade de haver apóstolos como os doze e Paulo, pois eles foram recipientes e transmissores da revelação final de Deus para seu povo, que se encontra registrada no Novo Testamento.
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28/11/2013

Por que estou comprometido em ensinar a Bíblia!



Por John MacArthur

Jamais aspirei ser conhecido como um teólogo, um apologista ou um erudito. Minha paixão é ensinar e pregar a Palavra de Deus. Embora tenha abordado questões teológicas e controvérsias doutrinárias, em alguns de meus livros, nunca o fiz sob o ponto de vista da teologia sistemática. Pouco me inquieta o fato de que algum assunto doutrinário se enquadra nesta ou naquela tradição teológica. Desejo saber o que é bíblico. Todas as minhas preocupações estão voltadas às Escrituras, e meu desejo é ser bíblico em todo o meu ensino.

Pregue a Palavra!

Esta é a atitude com a qual abracei o ministério desde o início. Meu pai é um pastor, e, quando lhe disse, há alguns anos, que senti haver Deus me chamado para o ministério, ele me presenteou uma Bíblia em que havia escrito essas palavras de encorajamento: “Pregue a Palavra!” Esta simples frase se tornou um estímulo em meu coração. Isso é tudo que tenho me esforçado para fazer em meu ministério — pregar a Palavra.

Os pastores de nossos dias sofrem tremenda pressão para fazerem tudo, exceto pregar a Palavra. Eles são instruídos pelos eruditos do Movimento de Crescimento de Igreja que têm de alcançar as “necessidades sentidas” dos ouvintes. São encorajados a se tornarem contadores de histórias, comediantes, psicólogos e preletores que motivam. São aconselhados a evitarem assuntos que os ouvintes acham desagradáveis. Muitos já abandonaram a pregação bíblica em favor de mensagens devocionais que têm o objetivo de fazer as pessoas sentirem-se bem. Alguns têm substituído a pregação por dramatização e outras formas de entretenimento.

Mas o pastor cuja paixão é completamente bíblica tem apenas uma opção: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2).

Quando Paulo escreveu essas palavras a Timóteo, ele acrescentou este aviso profético: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fá- bulas” (vv. 3,4).

Com certeza, a filosofia de ministério do apóstolo Paulo não incluía a teoria de “dar às pessoas o que elas desejam”. Ele não instou Timóteo a realizar uma pesquisa a fim de descobrir o que as pessoas queriam; mas ordenou que ele pregasse a Palavra, com fidelidade, repreensão e paciência.

Na verdade, ao invés de insistir que Timóteo idealizasse um ministério que acumularia elogios do mundo, Paulo advertiu o jovem pastor a respeito de sofrimentos e dificuldades! O apóstolo não estava ensinando Timóteo sobre como ser bem-sucedido; estava encorajando-o a seguir o padrão divino. Paulo não o estava aconselhando a buscar prosperidade, poder, popularidade ou qualquer outro conceito mundano de sucesso. O apóstolo instava o jovem pastor a ser bíblico, apesar das consequências.

Pregar a Palavra nem sempre é fácil. A mensagem que somos exigidos a pregar é, com frequência, ofensiva. O próprio Senhor Jesus é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (Rm 9.33; 1 Pe 2.8). A mensagem da cruz é uma pedra de escândalo para alguns (1 Co 1.23; Gl 5.11) e loucura para outros (1 Co 2.3).

Não temos permissão para embelezar a mensagem ou moldá-la de acordo com as preferências das pessoas. O apóstolo Paulo deixou isto claro, ao escrever a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16 — ênfase acrescentada). Esta é a mensagem a ser proclamada: todo o conselho de Deus (At 20.27).

No primeiro capítulo de sua segunda carta a Timóteo, Paulo lhe dissera:“Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste” (2 Tm 1.13). O apóstolo se referia às palavras reveladas por Deus nas Escrituras — todas elas. Paulo instou Timóteo a guardar o tesouro que lhe havia sido confiado. No capítulo seguinte, o apóstolo aconselhou Timóteo a estudar a Palavra e manejá-la bem (2 Tm 2.15). E, no capítulo 3, Paulo o aconselhava a proclamá-la. Deste modo, todo o ministério de um pastor fiel gira em torno da Palavra de Deus — manter, estudar e proclamar.

Em Colossenses, Paulo, ao descrever sua própria filosofia de ministério, escreveu: “Da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus” (Cl 1.25 — ênfase acrescentada). Em 1 Coríntios, ele foi um passo além, afirmando: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.1-2). Em outras palavras, seu objetivo como pregador não era entreter as pessoas com um estilo retórico ou diverti-las com esperteza, humor, novos pontos de vistas ou metodologia sofisticada; o apóstolo simplesmente pregou a Cristo.

A pregação e o ensino fiel da Palavra de Deus têm de ser o âmago de nossa filosofia de ministério. Qualquer outra filosofia de ministério substitui a voz de Deus pela sabedoria humana. Filosofia, política, psicologia, conselhos despretensiosos, opiniões humanas jamais são capazes de fazer o que a Palavra de Deus faz. Essas coisas podem ser interessantes, informativas, entreter as pessoas e, às vezes, serem úteis, mas elas não constituem o objetivo da igreja. A tarefa do pregador não é ser um canal para a sabedoria humana; ele é a voz de Deus para a igreja. Nenhuma mensagem humana tem o selo da autoridade divina — somente a Palavra de Deus. Como ousa qualquer pregador substituí-la por outra mensagem? Sinceramente, não entendo os pregadores que estão dispostos a abdicarem deste solene privilégio. Por que devemos proclamar a sabedoria dos homens, quando temos o privilégio de pregar a Palavra de Deus?

Seja Fiel, Quer Seja Oportuno, Quer Não!

Nossa tarefa nunca se acaba. Não apenas temos de pregar a Palavra de Deus, mas também precisamos fazê-lo apesar das opiniões divergentes que nos rodeiam. Somos ordenados a nos mostrarmos fiéis quando esse tipo de pregação for tolerado e quando não o for.

Encaremos esse fato: pregar a Palavra agora não é oportuno. A filosofia de ministério norteada por marketing, que está em voga no presente, afirma claramente que proclamar as verdades bíblicas está fora de moda. Exposição bíblica e teologia são vistas como antiquadas e irrelevantes. Essa filosofia de ministério declara: “As pessoas que frequentam a igreja não querem mais ouvir a pregação da Palavra. A geração do pós-guerra simplesmente não agüenta ficar sentada no banco, enquanto à sua frente alguém prega. Eles são frutos de uma geração condicionada pela mídia e precisam de uma experiência de igreja que os satisfaça em seus termos”.

O apóstolo Paulo disse que o pregador excelente tem de ser fiel em pregar a Palavra, mesmo quando isso não está na moda. A expressão que ele utilizou “esteja pronto” (no grego, ephistemi) literalmente significa “permanecer ao lado”, retratando a idéia de prontidão. Era frequentemente usada para descrever uma guarda militar, sempre a postos, preparada para o dever. Paulo estava falando sobre uma intensa prontidão para pregar, assim como a de Jeremias, o qual afirmou que a Palavra de Deus era como um fogo em seus ossos. Isto era o que Paulo estava exigindo de Timóteo: não relutância, e sim prontidão; não hesitação, e sim coragem; não mensagens que motivavam os ouvintes, e sim a Palavra de Deus.

Corrige, Repreende e Exorta!

Paulo também deu a Timóteo instruções a respeito do tom de sua pregação. Ele utilizou duas palavras que têm conotação negativa e uma que é positiva: corrige, repreende e exorta. Todo ministério de valor precisa ter um equilíbrio entre coisas positivas e negativas. O pregador que falha em reprovar e corrigir não está cumprindo sua comissão.

Recentemente, ouvi uma entrevista no rádio com um pregador bastante conhecido por sua ênfase em pensamento positivo. Esse pregador tem afirmado em seus escritos que evita qualquer menção do pecado em suas pregações, porque ele acha que as pessoas, de alguma maneira, estão sobrecarregadas com excessiva culpa. O entrevistador perguntou-lhe como ele poderia justificar essa atitude. O pastor respondeu que bem cedo em seu ministério havia decidido focalizar as necessidades das pessoas e não atacar seus pecados.

Entretanto, a mais profunda necessidade das pessoas é confessar e vencer seus pecados. Portanto, a pregação que não confronta e corrige o pecado, através da Palavra de Deus, não satisfaz a necessidade das pessoas. Falas sentirem-se bem e responderem com entusiasmo ao pregador. Mas isso não é o mesmo que satisfazer suas verdadeiras necessidades.

Corrigir, repreender e exortar é o mesmo que pregar a Palavra de Deus, pois estes são os ministérios que as Escrituras realizam – “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Observe o mesmo equilíbrio de tom positivo e negativo. Repreensão e correção são negativos, ensinar e educar são positivos.

O tom positivo é crucial também. A palavra “exorta” é parakaleo, um vocábulo que significa “encoraja”. O pregador excelente confronta o pecado e, em seguida, encoraja os pecadores arrependidos a comportarem-se de maneira cor-reta. Ele tem de fazer isso, com “paciência e longanimidade” (2 Tm 4.2). Em 2 Tessalonicenses 2.11, Paulo falou sobre exortar, encorajar e implorar, “como um pai a seus próprios filhos”. Isto frequentemente exige muita paciência e instrução. Todavia, o pastor excelente não pode negligenciar esses aspectos de sua vocação.

Não se Comprometa em Tempos Difíceis!

Existe urgência no encargo de Paulo ao jovem Timóteo: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças como que sentindo coceira nos ouvidos”(2 Tm 4.3). Esta é uma profecia que lembra aquelas que encontramos em 2 Timóteo 3.1 (“Sabe, porém isto: Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis”) e 1 Timóteo 4.1 (“O Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé”). Este, portanto, é o terceiro aviso profético de Paulo advertindo Timóteo a respeito dos tempos difíceis que estavam por vir. Observe a progressão: o primeiro aviso dizia que viria o tempo em que as pessoas se apartariam da verdade. O segundo advertia Timóteo sobre o fato de que tempos perigosos estavam vindo à Igreja. E o terceiro sugere que viria o tempo em que haveria na igreja aqueles que não suportariam a sã doutrina e, em vez disso, desejariam ter seus ouvidos coçados.

Isso está acontecendo na Igreja hoje. O evangelicalismo perdeu sua tolerância em relação à pregação confrontadora. As igrejas ignoram o ensino bíblico sobre o papel da mulher na igreja, a homossexualidade e outros assuntos. O instrumento humano tem sobrepujado a mensagem divina. Esta é a evidência do sério descomprometimento doutrinário. Se as igrejas não se arrependerem, esses erros e outros semelhantes se tornarão epidêmicos.

Devemos observar que o apóstolo Paulo não sugeriu que o caminho para alcançar nossa sociedade é abrandar a mensagem, de modo que as pessoas sintam-se confortáveis com ela. O oposto é verdade. Esse coçar os ouvidos das pessoas é uma abominação. Paulo instou Timóteo a estar disposto a sofrer por amor à verdade e continuar pregando a Palavra com fidelidade.

Um intenso desejo por pregação que causa coceira nos ouvidos tem consequências terríveis. O versículo 4 diz que essas pessoas “se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.4). Elas se tornam vítimas de sua própria recusa em ouvir a verdade. “Se recusarão”está na voz ativa. As pessoas voluntariamente escolherão essa atitude.“Entregando-se às fábulas” está na voz passiva; descreve o que acontece a tais pessoas. Tendo se afastado da verdade, elas se tornam vítimas do engano. Ao se afastarem da verdade, tornam-se presas de Satanás.

A verdade de Deus não coça nossos ouvidos; pelo contrário, ela os golpeia e os queima. Ela reprova, repreende, convence; depois, exorta e encoraja. Os pregadores da Palavra têm de ser cuidadosos em manter esse equilíbrio.

Sempre houve nos púlpitos homens que reuniram grandes multidões porque eram oradores dotados, interessantes contadores de histórias e preletores que entretinham os ouvintes; tinham personalidades dinâmicas; eram perspicazes manipuladores das multidões, políticos populares, elaboradores de mensagens que estimulavam os ouvintes e eruditos. Esse tipo de pregador pode ser popular, mas não é necessariamente poderoso. Ninguém prega com poder, se não pregar a Palavra de Deus. Nenhum pregador fiel minimiza ou negligencia todo o conselho de Deus. Proclamar toda a Palavra – essa é a vocação do pastor.

Fonte: Grace to You
Tradução e publicação: Trovian
Divulgação: Bereianos
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07/09/2013

AS VERDADES QUE AS SEITAS TEMEM:O CÉU E O INFERNO!

Luis Henrique L’Astorina N Amaral

INTRODUÇÃO

            Quando ouvimos a palavra céu e inferno, acabamos por pensar inevitavelmente em  lugares descritos na Palavra de Deus, contudo não sabemos ao certo o que vêm a ser esses lugares. Muitos, senão quase todos, os pregadores e líderes hoje em dia não costumam pregar e ensinar sobre o inferno propriamente dito. Não sei a razão de evitar isso, mas creio que a mensagem sobre esse assunto de fato é muito pesarosa e amedronta as pessoas. Muito embora os cristãos não precisam amedrontar-se com esse lugar, afinal o resgate e Salvação tão grandiosa foi concedida e por Graça Real livrando-os da permanência eterna neste local.

AS TRADUÇÕES

            Não podemos deixar de mencionar que as inúmeras versões em português das Bíblias trazem diversas palavras para tradução de inferno, sabemos sobre a adulteração dos textos Bíblicos fieis aos originais desde a antiguidade, por essa razão não vemos a verdade sendo ministrada nas novas versões da Bíblia para mantê-la menos agressiva a religiões pagas.

            As palavras usadas nas Bíblias em português são:

- sepultura

- além

- morte

- inferno

            Contudo em nossa língua essas palavras não expressam a mesma coisa, sabemos que 
sepultura significa o túmulo onde esta enterrado o corpo humano, além já pode significar um lugar espiritual desconhecido, algo “além” de nossa compreensão e conhecimento, a morte pode significar a separação do corpo e seu espírito, portanto não podemos associar morte com lugar. E por fim o inferno que significa realmente um lugar, já pré-conhecido por local de tormento.

            Todas essas palavras foram usadas na ocasião de tradução das palavras originais que significam o local de tormento, conhecido em nossa língua como 
“inferno”.

            Mas será que a sua tradução esta correta ? Para que possamos compreender melhor o significado de céu e inferno precisamos primeiro dividir a explicação em duas partes, pois um local em nada tem de comum com o outro, absolutamente nada, palavras diferentes e mencionadas de forma diferente.

            Vejamos então primeiro o CÉU, para que assim compreendendo o significado Bíblico dessa palavra possamos entender melhor a outra.

O (S) CÉU (S)

            Pode-se questionar agora a razão do plural empregado, vemos isso na primeira menção da Palavra de Deus sobre o Céu, alias foi registrado a existência de mais de um dele.

Gênesis 1:1 –
 “No princípio criou Deus os céus e a terra.”

O que nos diz esse registro da Bíblia é o fato de haver mais de um céu!! Sim, mas onde e como seriam esses outros céus ? Primeiro precisamos entender que 
No princípio Deus não criou o inferno, a Palavra dEle claramente menciona que foram criados os céus no inicio, portanto inferno é algo mais recente que os céus, muito embora essa referência possa ser apenas dos céus inferior e intermediário e o inferno já estar preparado anteriormente já que o Senhor habitava no céu superior.

            A palavra original em hebraico usada no livro de Gênesis por Moisés para descrever os céus foi “
shamayim” , essa palavra em hebraico tem o plural na terminação “im”, portanto indica claramente que há mais de um céu. Os céus são: inferior, intermediário e superior. Então vejamos quais sãos os céus existentes com maiores detalhes.

- Céu inferior ou “AURONOS”: esse céu é o local onde podemos claramente ver as nuvens, o ar atmosférico sendo o céu que envolve a terra e o ar, inclusive o azul celeste está aparente no céu “auronos”.

- Céu intermediário ou “MESORANIOS” : já esse céu é o local imenso onde estão localizadas as estrelas e planetas, já não é azul, pois vemos que ao sair da atmosfera terrestre o espaço é escuro e preto, sendo um vácuo onde estão as estrelas.  Conhecido por céu astronômico, onde estão os planetas.

- Céu superior ou “EPORANIOS”: esse céu e chamado de o céu dos céus , o lugar onde está o Senhor e os santos, onde os anjos circulam.

            Portanto, agora podemos verificar que os céus foram criados ao mesmo tempo, conforme diz a Palavra do Senhor. Pela Sua Palavra foram criados os céus e a terra.

            O inferno não teve sua criação para receber os seres humanos, essa informação podemos verificar em Mateus 25:41 “Então dirá também aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” . Essa passagem mostra a razão pela qual o inferno existe e para quem foi designado. Se o homem está condenado ao inferno é porque o homem optou por isso, ninguém mais intervém nessa decisão senão o próprio homem. Veremos adiante o que significa esse lugar.



O INFERNO

            Agora vamos analisar Biblicamente essa palavra, quando foi mencionada e o seu significado correto.

            A palavra “inferno” aparece na Bíblia por 30 vezes, sendo apenas 10 vezes em todo o Velho Testamento e 20 vezes no Novo Testamento, porém não foi registrada a mesma palavra para inferno em todas as passagens.

A palavra hebraica SHEOL está traduzida para inferno nas seguintes passagens:

Deuteronômio 32:22
Salmos 18:5, 55:15, 86:13,  116:3,  139:8
Provérbios 5:5, 7:27,  9:18,  15:11-24,  23:14, 27:20
Isaias 5:14, 14:9-15, 28:15-18, 57:9


A palavra grega HADES está traduzida para inferno nessas passagens:

Mateus 11:23, 16:18
Lucas 16:23
Apocalipse  6:8, 20:13


A palavra GEHENNA está também traduzida para inferno nas seguintes passagens:

Mateus 5:22-29,  10:28,  18:9,  23:15-23
Marcos 9:43
Lucas 12:5
Tiago 3:6


A palavra TARTAROO aparece somente uma vez na Bíblia e traduzida para inferno também em:

2 Pedro 2:4




            Agora a explicação dos significados dessas palavras acima para entender o lugar chamado inferno e os demais lugares, uma vez que embora sejam palavras traduzidas igualmente, não significam o mesmo e exato local, à exceção de SHEOL e HADES que são iguais porém em idiomas diferentes (Hebraico e Grego).

            Não houve na realidade falha do tradutor quando menciona inferno no lugar delas, pois cada uma das palavras originais tem um significado próprio e complexo na sua descrição, vamos então procurar defini-latodas. Em primeiro lugar não podemos associar a palavra “inferno” a todos os lugares citados, sem dúvida seria incorreto. Em algumas traduções mais equivocadas ainda esta mencionado “sepultura” outras o “alem”, nesses casos não houve nenhuma fidelidade na tradução da palavra. Sequer foi deixado claro que o lugar é de tormento terrível quando a tradução está dessa forma.
SHEOL- Essa palavra usada no Antigo Testamento do idioma Hebraico expressou o local onde foram lançados os espíritos daqueles que mantiveram-se infiéis ao Senhor Deus, sem arrependimento e sem Seu Divino perdão. Tal local é o conhecido INFERNO propriamente dito, um local onde a vida da pessoa (afinal cada não somos apenas carne mas sim espírito primeiramente), segue seu curso em tormento eterno e também a caminho da eterna separação do Criador no dia do Juízo. Nesse local está acesa a ira de Deus pois desprezaram Seu infinito amor Redentor (Deuteronômio 32:22), um local onde existem apenas a essência da vida não carnal, as almas de cada individuo não remido (Salmos 86:13). Um local onde o Senhor ainda vê os que ali estão e tem conhecimento do que se passa lá (Salmos 139:8), um lugar que está abaixo dos céus (Provérbios 15:24), além de tudo é um local que nunca farta-se de receber almas (Provérbios 27:20).

HADES- Uma palavra de mesmo significado que a anterior, porém em outro idioma, o Grego agora, foi usada no Novo Testamento em várias situações.  Primeiro verificamos que as portas do conhecido INFERNO não prevalecem contra a Igreja de Jesus (Mateus 16:18), agora não podemos deixar de comentar a passagem mais explicativa sobre para onde seguem as almas daqueles que não reconheceram seu estado de pecador e arrependeram-se com o perdão e aceitação do Filho de Deus, Jesus Cristo, e Seu sacrifício vicário pelos pecados da humanidade (Lucas 16:23), a morte sem salvação leva ao inferno na fase da tribulação o inferno receberá milhões de pessoas  (Apocalipse 6:8), já que vemos que a morte e o inferno serão lançados no lago de fogo então concluímos que inferno e lago de fogo não são o mesmo lugar (Apocalipse 20:13-15)!!!

GEHENNA – Esta palavra Grega tem sua derivação de duas palavras sendo “GE” que significa um abismo, e “HINNOM” significando então um local conhecido como o vale ou abismo de Hinnom, situado ao lado sul e leste de Jerusalém e no tempo do Antigo Testamento era o lugar onde sacrificavam crianças recém nascidas no fogo ao falso deus Moloque (2 Reis 16:3 e 21:6) e onde o ímpio rei Manassés queimou seus filhos (2 Crônicas 33:6), esse lugar era de aflição morte e fogo, um local de tormento muito grande. Mais tarde foi chamado de “Geena” o lugar onde em Jerusalém jogavam e queimavam o lixo, o depósito de lixo com mau cheiro, fumaça e odores de putrefação que encontra-se fora das cidades. Jesus mencionou tratar-se do lugar onde o fogo não se apaga e o verme e bicho nunca morrem (Marcos 9:43-44). Jesus indicou que esse lugar é diferente, Ele mostrou a grande diferença dos demais locais citados quando deixou claro que esse lugar onde há penalidade para almas e corpos (Mateus 10:28 e Mateus 18:9 e Lucas 12:5)!!! O local de condenação para os que rejeitaram a Justiça de Jesus Cristo em Seu sacrifício (Mateus 23:33).

TARTAROO- Foi usada apenas uma única vez no texto de 2 Pedro 2:4 um local de confinamento de anjos caídos (demônios), mas não todos eles, e sim apenas alguns deles, a razão disso não trataremos nesse estudo. Mas essa palavra foi usada na mitologia pagã grega para definir onde os deuses eram punidos e foi usada no livro apócrifo de Enoque (2:20) para referir aos anjos caídos também.

O LAGO DE FOGO

            Mas temos uma definição especialmente para o Dia do Senhor, o dia do Juízo Final, onde sem dúvida haverá o destino final e cabal de todos aqueles que recusaram o Deus Criador, Santo e Justo, Misericordioso, está recusa lançará todos os condenados no Lago de Fogo.

            A expressão Lago de Fogo aparece cinco vezes no Novo Testamento e todas elas em Apocalipse.

Apocalipse 19:20 ; 20:14-15 ; 21:8


            Então, conforme indicam as Escrituras, esse local será a morada ETERNA de todos que já morreram sem Cristo, pois lemos que a morte e o inferno serão jogados no Lago de Fogo (Apocalipse 20:14), porém sabemos que segundo Apocalipse 19:20 o anticristo e seu falso profeta serão lançados vivos no Lago de Fogo, e aqui já podemos saber que trata-se de local final de morada dos ímpios, e que lá viverão com seus corpos e almas para toda eternidade.

            A Palavra de Deus nos ensina que esse local é a segunda morte, isto é, aqui temos sem dúvida a separação eterna de Deus!! Nesse lugar Deus não estará, e não terá conhecimento do que se passa, todos os que ali estiverem estarão na companhia de Satanás, todos os anjos caídos e todos os bilhões que morreram sem Redenção a suas próprias sorte!

            Uma vida de tormento e sofrimento sem findar!


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24/08/2013

O PECADO PARA A MORTE E A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO








Não são poucos os pregadores de linha pentecostal que ameaçam os críticos das atuais "manifestações espirituais" de cometerem o pecado sem perdão, a blasfêmia contra o Espírito Santo. Mas, será? O pecado para a morte é mencionado por João em sua primeira carta:

"Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue (5.16c)".

A morte a que João se refere é a morte espiritual eterna, a condenação final e irrevogável determinada por Deus, tendo como castigo o sofrimento eterno no inferno. Todos os demais pecados podem ser perdoados, mas o “pecado para morte” acarreta de forma inexorável a condenação eterna de quem o comete, a ponto do apóstolo dizer: "e por esse não digo que rogue". E o apóstolo continua:

"Toda injustiça é pecado, e há pecado não para a morte (5.17; cf. 3.4)".

João não está sugerindo que a distinção entre pecado mortal e pecado não mortal implique na existência de pecados que não sejam tão graves assim.Todo pecado é contra o Deus justo, contra a sua justiça. Portanto, todo pecado traz a morte, que é a penalidade imposta por Deus contra o pecado. Mas, para que seus leitores não fiquem aterrorizados, João repete: há pecado não para morte (5.17b). Nem todo pecado é o pecado mortal. Há perdão e vida para os que não pecam para a morte. O Senhor mesmo convida seu povo a buscar o perdão que ele concede (Is 1.18).

O que, então, é o pecado para a morte? O apóstolo João não declara explicitamente a que tipo de pecado se refere. Através dos séculos, estudiosos cristãos têm procurado responder a esta pergunta. Alguns têm entendido que João se refere à morte física, e têm sugerido que se trata de pecados que eram punidos com a pena de morte conforme está no Antigo Testamento (Lv 20.1-27; Nm 18.22). Não adiantaria orar pelos que cometeram pecados punidos com a morte, pois seriam executados de qualquer forma pela autoridade civil. Ou então, trata-se de pecados que o próprio Deus puniria com a morte aqui neste mundo, como ele fez com os filhos de Eli (2Sm 2.25), com Ananias e Safira (At 5.1-11) e com alguns membros da igreja de Corinto que profanavam a Ceia (1Co 11.30; cf. Rm 1.32).

A Igreja Católica fez uma classificação de pecados veniais e pecados mortais, incluindo nos últimos os famosos sete pecados capitais, como assassinato, adultério, glutonaria, mentira, blasfêmia, idolatria, entre outros. Este tipo de classificação é totalmente arbitrário e não tem apoio nas Escrituras.

A interpretação que nos parece mais correta é que João está se referindo à apostasia, que no contexto de seus leitores, significaria abandonar a doutrina apostólica que tinham ouvido e recebido e seguir o ensinamento dos falsos mestres, que negava a encarnação e a divindade do Senhor Jesus. “Pode-se inferir do contexto que este pecado não é uma queda parcial ou a transgressão de um determinado mandamento, mas apostasia, pela qual as pessoas se alienam completamente de Deus” (Calvino).

Trata-se, portanto, de um pecado doutrinário, cometido de forma voluntária e consciente, similar ao pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, cometido pelos fariseus, e que o Senhor Jesus declarou que não haveria de ter perdão nem aqui nem no mundo vindouro (cf. Mt 12.32; Mc 3.29; Lc 12.10). Em ambos os casos, há uma rejeição consciente e voluntária da verdade que foi claramente exposta.

No caso dos leitores de João, a apostasia seria mais profunda, pois teriam participado das igrejas cristãs, como se fossem cristãos, participado das ordenanças do batismo e da Ceia, participado dos meios de graça. À semelhança dos falsos mestres que também, antes, tinham sido membros das igrejas, apostatar seria sair delas (2.19), e se juntar aos pregadores gnósticos e abraçar a doutrina deles, que consistia numa negação de Cristo.

Tal pecado era “para a morte” por sua própria natureza, que é a rejeição final e decidida daquele único que pode salvar, Jesus Cristo. “Este pecado leva quem o comete inexoravelmente a um estado de incorrigível embotamento moral e espiritual, porque pecou voluntariamente contra a própria consciência” (J. Stott).

É provavelmente sobre pessoas que apostataram desta forma que o autor de Hebreus escreveu, dizendo que “é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia” (Hb 6.4-6). Ele descreve essa situação como sendo um viver deliberado no pecado após o recebimento do pleno conhecimento da verdade. Neste caso, “já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários” (Hb 10.26-27). Este pecado é descrito como calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o sangue da aliança com que foi santificado e ultrajar o Espírito da graça (Hb 10.29), uma linguagem que claramente aponta para a blasfêmia contra o Espírito e a negação de Jesus como Senhor e Cristo (ver também 2Pd 2.20-22, onde o apóstolo Pedro se refere aos falsos mestres).

Não é sem razão que o apóstolo João desaconselha pedirmos por quem pecou dessa forma.

Alguém pode perguntar se Deus fecharia a porta do perdão se pessoas que pecaram para a morte se arrependessem. Tais pessoas, porém, não poderão se arrepender. Elas não o desejam. E além disto, o Senhor determinou sua condenação, a ponto de João não aconselhar que oremos por elas. “Tais pessoas foram entregues a um estado mental reprovável, estão destituída do Espírito Santo, e não podem fazer outra coisa senão, com suas mentes obstinadas, se tornarem piores e piores, acrescentando mais pecado ao seu pecado” (Calvino).

Notemos que nestes versículos João não chama de “irmão” aquele que peca para a morte. Apenas declara que há pecado para a morte e que não recomenda orar pelos que o cometem. É evidente que os nascidos de Deus jamais poderão cometer este pecado.

Portanto, não se impressione com as ameaças de pastores do tipo "você está blasfemando contra o Espírito Santo" se o que você estiver fazendo é simplesmente perguntando qual a base bíblica para cair no Espírito, rir no Espírito, a unção da leoa, e outras "manifestações" atribuídas ao Espírito Santo.
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19/08/2013

Um Breve Credo sobre Justificação





Douglas Wilson 


Creio que Jesus Cristo foi justificado por Deus em sua ressurreição 
dentre os mortos, sendo declarado com poder ser o Filho de Deus (Rm 1.4). 
Ele foi justificado no Espírito (1Tm 3.16), vindicado por Deus, e exaltado à 
destra de Deus o Pai. Essa justificação, juntamente com a obediência ativa e 
passiva de Cristo, e todas as suas outras perfeições, é imputada ao seu povo, e 
é a única base para tudo o que temos nele. Essa justificação de Cristo, essa ressurreição dentre os mortos, foi para a nossa justificação (Rm 4.25). 

Creio que Deus em seu soberano e secreto decreto elegeu por nome 
incontáveis pessoas para a salvação eterna (Ef 1.11). Cada um desses eleitos é 
justificado individualmente, e irreversivelmente, no momento de sua 
conversão, quando Deus imputa a eles toda a justiça de Jesus Cristo (Rm 8.29-
30). 

A base dessa justificação é a justiça de Cristo, mais nada, e é apropriada 
pelo instrumento da fé somente, mais nada, e até mesmo essa fé deve ser 
entendida como um dom de Deus, de forma que ninguém possa se vangloriar 
(Ef 2.8-10). 

Creio que a Igreja de Jesus Cristo, um corpo pactual orgânico, é também 
justificada, santificada, regenerada e eleita. Pelo fato de sua santificação, assim 
como a nossa, não ser ainda completa (Ef 5.24-32), creio que indivíduos não 
justificados, não eleitos, não santificados e não regenerados podem ser 
membros (violadores do pacto) desse corpo pactual por um tempo. Mas com 
o passar do tempo tais ramos estéreis são removidos (João 15.1-7; Rm 11.20; 
Mt 13.24-40). As máculas – os não eleitos – são removidas da Noiva eleita (Ef 
5.27). 

Creio que Deus estabeleceu dois pactos distintos com a humanidade, um 
antes da Queda, e outro após. O primeiro pacto foi chamado um pacto de 
obras na Confissão de Westminster (7.2). Eu preferiria chamá-lo de um pacto 
de graça da criação. A condição de guardar o pacto nesse primeiro pacto era 
crer na graça, nos mandamentos, nas advertências e na promessa de Deus. Se 
Adão tivesse evitado o pecado nessa tentação, ele não teria motivos para se 
vangloriar, mas poderia somente dizer que Deus graciosamente o preservou. 
“Obediência perfeita e pessoal”, mesmo para o homem antes da queda, não é 
possível a menos que ele confie na bondade e graça de Deus. Porque Deus 
capacitou Adão com o poder e a capacidade de guardar o pacto com ele 

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10 Marcas de uma Seita





por
Missão KwaSizabantu


1. Uma seita vê a si própria como a “verdadeira igreja” e exclui as outras denominações e igrejas de serem parte da igreja autêntica de Cristo. Em outras palavras, ela é exclusivista em seu ensinamento. O resultado disto é a insistência para que os convertidos deixem suas igrejas e se unam a eles. Todas as outras igrejas são declaradas serem desonestas, enganosas e ilusórias. Há variedades suaves desta heresia incluindo o ensino de que a igreja não deve ter um nome e deve ser a igreja “local” de todos os crentes daquela área.
2. Uma seita tem uma visão errônea da Trindade na maioria dos casos. A doutrina clássica da Igreja de “Deus em Três pessoas” é freqüentemente modificada de alguma forma. A maioria das seitas não considera Jesus como sendo igual ao pai e ao Espírito Santo. Tal grupo rejeitaria o Credo Apostólico.
3. Uma seita tem um “Jesus mais alguma outra coisa” como o fundamento de sua teologia. Seja com o guardar do Sábado, com regras de vestimenta, ou com algum rito especial, uma seita deixa o “Cristo somente” e cai num ensino herético.
4. Uma seita freqüentemente coloca fé e confiança exagerada em seu líder. Para uma personalidade semelhante a um “guru” (que geralmente ganha um título muito dignificante) é dado algum status de semi-deus pelos devotos. Isto resulta na crença de que tudo o que ele ou ela diz, ou faz, deve ser infalível.
5. As seitas freqüentemente reivindicam a Bíblia como autoritativa, todavia, elas sempre dão autoridade igual ou maior a outros escritos ou a revelações de outras pessoas.
6. Uma seita nega a salvação como sendo dependente da graça somente. Eles rejeitam o fundamento do Evangelho Cristão — a expiação —de que Cristo pagou o preço total do pecado do Seu povo e que o homem não pode contribuir em nada para a sua salvação.
7. As seitas são extremamente dogmáticas em suas visões escatológicas (crenças com respeito ao final dos tempos) e freqüentemente incluem seus próprios grupos como o cumprimento de profecias com respeito ao final dos tempos.
8. Uma seita freqüentemente urge os membros a deixar suas famílias, abusando de versos tais como “se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26)...Algumas seitas insistem para que seus aderentes quebrem todos os laços com membros da família e com amigos.
9. Uma seita freqüentemente reivindica as posses financeiras de um membro para o seu grupo. Alguns líderes de seita demandam que todas as posses sejam transferidas para o nome do líder ou do grupo. Entregar dinheiro, casas e propriedades é considerado como obediência ao mandamento “vai e vende tudo”. A manipulação mental, principalmente controlada através da culpa, é usada para ganhar vantagens financeiras dos membros.
10. As seitas tomam todas as decisões mais importantes, da vida pessoal e profissional, por seus membros. Não há liberdade para os seus seguidores buscarem a Deus por si mesmos.
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06/06/2013

A festa Junina e o Cristão !




Por Augustus Nicodemus
A festa celebra o nascimento de João Batista, que virou um dos santos católicos. É realizada no dia 24 de junho com base no fato que João Batista havia nascido seis meses antes de Jesus (Lc 1:26,36). Se o nascimento de Jesus (Natal) é celebrado em 25 de dezembro, então o de João Batista é celebrado seis meses antes, em 24 de junho. É claro que estas datas são convenções, apenas, pois não sabemos ao certo a data do nascimento do Senhor.
A origem das fogueiras nas celebrações deste dia é obscura. Parece que vem do costume pagão de adorar seus deuses com fogueiras. Os druidas britânicos, segundo consta, adoravam Baal com fogos de artifício. Depois a Igreja Católica inventou a história que Isabel acendeu uma fogueira para avisar Maria que João tinha nascido. Outra lenda é que na comemoração deste dia, fogueiras espontâneas surgiram no alto dos montes.
Já a quadrilha tem origem francesa, sendo uma dança da elite daquele país, que só prosperou no Brasil rural. Daí a ligação com as roupas caipiras. Por motivos obscuros acabou fazendo parte das festividades de São João.
Fazem parte ainda das celebrações no Brasil (é bom lembrar que estas festas também são celebradas em alguns países da Europa) as comidas de milho – provavelmente associadas com a quadrilha que vem do interior – as famosas balas de “Cosme e Damião.” São realizadas missas e procissões, muitas rezas e pedidos feitos a São João. As comidas são oferecidas a ele.
Se estas festividades tivessem somente um caráter religioso e fossem celebradas dentro das igrejas como se fossem parte das atividades dos católicos, não haveria qualquer dúvida quanto à pergunta, “pode um evangélico participar?” Acontece que as festas juninas foram absorvidas em grande parte pela cultura brasileira de maneira que em muitos lugares já perdeu o caráter de festa religiosa. Para muitos, é apenas uma festa onde acendem-se fogueiras, come-se milho preparado de diferentes maneiras e soltam-se fogos de artifício, sem menção do santo, e sem orações ou rezas feitas a ele.
Paulo enfrentou um caso semelhante na igreja de Corinto. Havia festivais pagãos oferecidos aos deuses nos templos da cidade. Eram os crentes livres para participar e comer carne que havia sido oferecida aos ídolos? A resposta de Paulo foi tríplice:
- O crente não deveria ir ao templo pagão para estas festas e ali comer carne, pois isto configuraria culto e portanto, idolatria (1Cor 10:19-23). Na mesma linha, eu creio que os crentes não devem ir às igrejas católicas ou a qualquer outro lugar onde haverá oração, rezas, missas e invocação do São João, pois isto implicaria em culto idólatra e falso.
- O crente poderia aceitar o convite de um amigo pagão e comer carne na casa dele, mesmo com o risco de que esta carne tivesse sido oferecida aos ídolos. Se, todavia, houvesse alguém presente ali que se escandalizasse, o crente não deveria comer (1Cor 10:27-31). Fazendo uma aplicação para nosso caso, se convidado para ir a casa de um amigo católico neste dia para comer milho, etc., ele poderia ir, desde que não houvesse atos religiosos e desde que ninguém ali ficasse escandalizado.
- E por fim, Paulo diz que o crente pode comer de tudo que se vende no mercado sem perguntar nada. A exceção é causar escândalo (1Cor 10:25-26). Aplicando para nosso caso, não vejo problema em o crente comer milho, pamonha, mungunzá, etc. neste dia e estar presente em festas juninas onde não há qualquer vínculo religioso, desde que não vá provocar escândalos e controvérsias. Se Paulo permitiu que os crentes comessem carne que possivelmente vieram dos templos pagãos para os açougues, desde que não fosse em ambiente de culto, creio que podemos fazer o mesmo, ressalvado o amor que nos levaria à abstinência em favor dos que se escandalizariam.
Segue abaixo parte de um livro meu onde abordo com mais detalhes o que Paulo ensinou aos coríntios em casos envolvendo a liberdade cristã.
O CULTO ESPIRITUAL, Augustus Nicodemus Lopes. Cultura Cristã, 2012.
“A situação de Corinto era diferente. O problema lá não era o mesmo tratado no concílio de Jerusalém. O problema não era os escrúpulos de judeus cristãos ofendidos pela atitude liberal de crentes gentios quanto à comida oferecida aos ídolos. Portanto, a solução de Jerusalém não servia para Corinto. É provavelmente por esse motivo que o apóstolo não invoca o decreto de Jerusalém.[1] Antes, procura responder às questões que preocupavam os coríntios de acordo com o princípio fundamental de que só há um Deus vivo e verdadeiro, o qual fez todas as coisas; que o ídolo nada é nesse mundo; e que fora do ambiente do culto pagão, somos livres para comer até mesmo coisas que ali foram sacrificadas.
1. A primeira pergunta dos coríntios havia sido: era lícito participar de um festival religioso num templo pagão e ali comer a carne dos animais sacrificados aos deuses? Não, responde Paulo. Isso significaria participar diretamente no culto aos demônios onde o animal foi sacrificado (1 Co 10.16-24). Paulo havia dito que os deuses dos pagãos eram imaginários (1 Co 10.19). Por outro lado, ele afirma que aquilo que é sacrificado nos altares pagãos é oferecido, na verdade, aos demônios e não a Deus (10.20). Paulo não está dizendo que os gentios conscientemente ofereciam seus sacrifícios aos demônios. Obviamente, eles pensavam que estavam servindo aos deuses, e nunca a espíritos malignos e impuros. Entretanto, ao fim das contas, seu culto era culto aos demônios. [2] Paulo está aqui refletindo o ensino bíblico do Antigo Testamento quanto ao culto dos gentios:
Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus… (Dt 32.17)
…pois imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios (Sl 106.37).
O princípio fundamental é que o homem não regenerado, ao quebrar as leis de Deus, mesmo não tendo a intenção de servir a Satanás, acaba obedecendo ao adversário de Deus e fazendo sua vontade. Satanás é o príncipe desse mundo. Portanto, cada pecado é um tributo em sua honra. Ao recusar-se a adorar ao único Deus verdadeiro (cf. Rm 1.18-25), o homem acaba por curvar-se diante de Satanás e de seus anjos.[3] Para Paulo, participar nos festivais pagãos acabava por ser um culto aos demônios. Por esse motivo, responde que um cristão não deveria comer carne no templo do ídolo. Isso eqüivaleria a participar da mesa dos demônios, o que provocaria ciúmes e zelo da parte de Deus (1 Co 10.21-22). Paulo deseja deixar claro para os coríntios “fortes”, que não tinham qualquer intenção de manter comunhão com os demônios, que era a atitude deles em participar nos festivais do templo que contava ao final. Era a força do ato em si que acabaria por estabelecer comunhão com os demônios.[4]
2. Era lícito comer carne comprada no mercado público? Sim, responde Paulo. Compre e coma, sem nada perguntar (1 Co 10.25). A carne já não está no ambiente de culto pagão. Não mantém nenhuma relação especial com os demônios, depois que saiu de lá. Está “limpa” e pode ser consumida.
3. Era lícito comer carne na casa de um amigo idólatra? Sim e não, responde Paulo. Sim, caso não haja, entre os convidados, algum crente “fraco” que alerte sobre a procedência da carne (1 Co 10.27). Não, quando isso ocorrer (1 Co 10.28-30).
O ponto que desejo destacar é que para o apóstolo Paulo a carne que havia sido sacrificada aos demônios no templo pagão perdia a “contaminação espiritual” depois que saia do ambiente de culto. Era carne, como qualquer outra. É verdade que ele condenou a atitude dos “fortes” que estavam comendo, no próprio templo, a carne sacrificada aos demônios. Mas isso foi porque comer a carne ali era parte do culto prestado aos demônios, assim como comer o pão e beber o vinho na Ceia é parte de nosso culto a Deus. Uma vez encerrado o culto, o pão é pão e o vinho é vinho. Aliás, continuaram a ser pão e vinho, antes, durante e depois. A mesma coisa ocorre com as carnes de animais oferecidas aos ídolos. E o que é verdade acerca da carne, é também verdade acerca de fetiches, roupas, amuletos, estátuas e objetos consagrados aos deuses pagãos. Como disse Calvino,
Alguma dúvida pode surgir se as criaturas de Deus se tornam impuras ao serem usadas pelos incrédulos em sacrifícios. Paulo nega tal conceito, porque o senhorio e possessão de toda terra permanecem nas mãos de Deus. Mas, pelo seu poder, o Senhor sustenta as coisas que tem em suas mãos, e, por causa disto, ele as santifica. Por isso, tudo que os filhos de Deus usam é limpo, visto que o tomam das mãos de Deus, e de nenhuma outra fonte.[5]”
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[1] Note que Paulo não teve qualquer problema em anunciar o decreto em Antioquia, o que produziu muito conforto entre os irmãos (At 15.30-31).
[2] Não somente Paulo, mas os cristãos em geral tinham esse conceito. João escreveu: “Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar” (Ap 9.20).
[3] Cf. Charles Hodge, A Commentary on 1 & 2 Corinthians (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1857; reimpressão 1978) 193.
[4] Hodge (1 & 2 Corinthians, 194) chama a nossa atenção para o fato de que o mesmo princípio se aplica hoje aos missionários que, por força da “contextualização”, acabam por participar nos festivais pagãos dos povos. Semelhantemente, os protestantes que participam da Missa católica, mesmo não tendo intenção de adorar a hóstia, acabam cometendo esse pecado, ao se curvar diante dela.
[5] João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, em Comentário à Sagrada Escritura, trad. Valter G. Martins (São Paulo: Paracletos, 1996) 320.
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